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quarta-feira, março 14, 2007

Leituras - Quais as diferenças entre Portugal e Espanha

"(...) A inactividade da sociedade civil em Portugal é chocante. De vez em quando a comunicação social lá consegue criar uma onda de indignação que rapidamente acaba na primeira curva, como se viu na Casa Pia ou agora no caso Esmeralda. O português médio queixa-se, lamenta-se, mas não se mexe, não se organiza, não está disposto a perder o seu precioso tempo de lazer em manifestações. Ficam pois os sindicatos e os partidos como senhores do direito à indignação. E já se sabe que estes senhores têm mais do que fazer. Na verdade, não surpreende que a qualidade dos senhores do direito à indignação seja pouco digna. É que não têm concorrência.
A sociedade civil espanhola tem hoje um papel enorme, interventor, activo nas agendas políticas e sociais, bem ao contrário da portuguesa. São os milhares de ONG que cada dia organizam actividades participativas, são as manifestações de rua que frequentemente mostram o pulso da sociedade (...) são as tertúlias onde se discutem os problemas de cada comunidade, são as múltiplas petições e são as juntas de vecinos que através dos mecanismos formais e informais exercem, uma influência assinalável na política local. Comparada com a portuguesa, Espanha tem uma sociedade pujante e activa.
A qualidade da democracia é determinada pela sociedade civil. Não só pela óbvia necessidade de uma cidadania exigente, mas também pelo efeito disciplinador que tem nos partidos políticos e nos sindicatos. Estes concorrem activamente com as ONG, as associações, as juntas de vecinos e mesmo a Igreja Católica pela representatividade social. A rua não tem dono, ainda menos não é de esquerda.(...)
(...) A comunicação social é mais um sinal visível de uma sociedade viva. Está polarizada e politicamente comprometida (bem ao contrário do caso português onde é tudo pseudo-independente). Existem muitos "Prós e Contras" e vários "Professores Marcelo". Não domina a ditadura dos senhores professores, dos sábios e dos mediáticos. Existe pluralismo intelectual porque existem juntas de vecinos e existem juntas de vecinos porque há pluralismo intelectual. Para nossa desgraça, em Portugal, não há nem juntas de vecinos nem pluralismo intelectual. E uma democracia sem pluralismo intelectual definha.

Por Nuno Garoupa na Atlântico nº24

Tenho que concordar.
Só me lembro da causa de Timor Leste que foi talvez a única que despertou o monstro adormecido da nossa sociedade civil.
De resto, há a selecção nacional de futebol e pouco mais. Mas isso são outros quinhentos paus.
É uma miséria franciscana.
A nossa geração não é rasca, só não tem é causas.

Pergunto-me agora como seriam as nossas juntas de vizinhos?
A ver pelas histórias que oiço passadas em assembleias de condóminos havia de ser bonito.

"Biba Hespanha"
Viva o nosso PortugaL