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domingo, setembro 24, 2006

Meia Maratona de Portugal


É ainda com o corpo celeste dolorido pelos 21km percorridos hoje rumo a Oriente que aqui venho dar-vos um relato da corrida do povo.
O Anjo deslizou hoje sobre as água do nosso Mar da Palha rumo a Oriente batendo mais uma vez o seu record pessoal e intransmissível.

Tuga que se preze está presente em tudo o que é ajuntamento com mais de mil câmaras de TV e sacos de brindes "grátes". Até no desporto o Tuga é consumista. Se puder, leva bonés EDP e sacos RTP para toda a família, mesmo para a sogra que odeia, não hesita, atesta.

Fui dos primeiros a chegar ao local de partida do transporte dos atletas até à linha de meta. Mais uma vez este tuga, versão celeste da margem sul, levanta-se bem cedinho para chegar com antecedência e ainda pela fresquinha, como manda a tradição e os ensinamentos familiares.
Deparo-me logo com uma cena hilariante não fossem 8h da manhã e eu ainda estivesse meio a despertar do sono dos anjos. Uma camineta det transporte dos ditos bonés EDP e outros brindes sumptuosos, estava a ser descarregada e o material distribuído pelos seus colaboradores, quando foi completamente "assaltada" pelo pessoal que por ali passava e fazia do dito camião um espaço self-service do Zé do boné. Do melhor.
Entrei no autocarro e rumei à ponte.

Chegados ao local de partida somos presenteados com um barulho ensurdecedor de boas vindas proveniente de um equipamento de som de "baixa fidelidade".
Um animador de rádio pirata frustrado, que deve agora fazer furor em muitas pistas de carinhos de choque e feiras por esse Portugal fora, fazia-se ouvir e acordava as hostes remelosas.
Grandes clássicos dos anos oitenta e música brasileira do tipo "Netinho" desanimavam.
O "desanimador" não se cansava de avisar os mais distraídos que mesmo em frente ao seu nariz existiam casas de banho para todo o tipo de necessidades e que as devíamos experimentar sobretudo o jaccuzzi de última geração que as equipava. Claro está que como bom tuga preferi o urinol exterior, ao ar livre, da mais antiga geração. Também é verdade que não é todos os dias que se mija com vista para o mar da palha e havia que aproveitar a oportunidade.
Dentro do espírito faça você mesmo houve também quem preferisse as garafinhas de água como mictórios portáteis.

Os Atletas são os de sempre.
Aquela faixa etária dos 50 a0s 60, franzinos que simplesmente arrancam e passam por nós, deixando-nos a pastar e a pensar para que servem afinal as asas de um anjo.
Muitos bigodes, muito tenne novo a estrear, muita colectividades de bairro e seus equipamentos fluorescentes com calções cavados a deixar adivinhar a marca de um Verão recente, blusa de alsas, em tons de amarelo canário, roxo, lilás, laranja e verde alface.
Do mais fashion que possa existir.

Mulheres nem vê-las, pelo menos se o eram não pareciam.

Maluquinhos também os havia por lá. Imaginem só estes personagens.
Um tipo baixote, com aspecto de trolha das obras pelas marcas de sol nos braços, cabelo meio pintado de louro com madeixas ou lá o que isso é, vestido com calção cavado e blusa alsas em tons de verde alface, com uns phones nos ouvidos a bombar (é o termo), aos pulos debaixo de uma das colunas de som que emitia os grunhidos e as escolhas pessoais do DJ chunga de serviço.
Um tipo enorme com um bigode preto retinto, tshirt justa ao tronco, de tanga de natação, luvas de boxe e protecção para a cabeça almofadada a fazer exercícios de aquecimento em marcha atrás.
Corri ao lado de anões e de um homem que usava, pasmem-se, sandálias.
Passei por um angolano que corria com a bandeira do seu país. Não a levava desfraldada ao vento mas empunhava o pau da bandeira como quem transportava uma tocha olímpica. Um verdadeiro orgulho para a nação africana ou será que apenas corria porque estava atrasado para o grande, mega concerto do Danny L. "Força Angola" no Coliseu de Lisboa. Fica a dúvida.

Os vencedores.
Os pretos são sempre os primeiros a chegar à meta mas mesmo assim, como verdadeiros tugas sonhadores, ainda existem uns quantos no pelotão de elite que vivem na ilusão de um dia pisar os calos dos quenianos, etiopes, marroquinos e afins africanos.

Resta dizer que lá consegui terminar mais uma vez com um magnífico record pessoal em 1h42min e que mereceu por parte da organização do evento um saboroso prémio de participação: um fabuloso Cornetto Olá fresquinho sabor a chocolate.

E é assim com a boca doce e o corpo cansado que o anjo vai repousar e sonhar.

5 Comments:

Blogger Santiagando said...

O meu pai faz parte dos que têm entre os 50 e os 60 e passam à frente da juventude... hehe... vou saber que tempo fez ele, para ver se te envergonho... lol... brincadeira...

Parabéns!

12:40 da manhã

 
Blogger Horas Vagas said...

Tu és é maluco. Nem penses que deixo a minha filha ir contigo nessas corridas|!!! Bah! Leva-a de férias mas não a vicies em desporto!
LOL

12:56 da manhã

 
Blogger L de Luis said...

Horitas só para lembrar que a tua entidade patronal patrocina esta prova.
Portanto não fales nesses termos da corrida do povo.
Mente sã em corpo é o lema mas como os anjos não são perfeitos e para compensar uma mente enfraquecida fortalecem a musculatura celeste.

Oh Restolho! Diz-me lá então o tempo do teu papá. Agora fiquei curioso.

10:37 da tarde

 
Blogger Santiagando said...

Oh... este ano, ele não foi à prova... mas, vou tentar saber o tempo dele na última Meia Maratona em que participou...

12:29 da tarde

 
Blogger Santiagando said...

Como prometido, aqui vai a informação: o meu pai (56 anos), costuma fazer essa prova em cerca de hora e meia.

Disse-me ele que o melhor tempo que fez, foi quando tinha 47 anos: cerca de hora e vinte.

Ainda amanhã vai participar numa outra prova, em Sesimbra (não sei qual a distância).

Beijos.

2:56 da tarde

 

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