Às gentes do Mar

"Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!"

Gostaria de não estar aqui a relembrar a tragédia do Luz do Sameiro mas não consigo conter a revolta de cidadão contribuinte deste país que assiste à morte de seis homens a 50m da praia.
Convido-vos a ler um excelente artigo do Correio da Manhã que explica ao minuto como tudo aconteceu.
Este país está mesmo avariado. Gastam-se milhões em estádios de futebol (desporto que tanto amo), eventos desportivos internacionais como o Lisboa-Dakar e depois falha-se onde não se podia falhar. Na protecção ao indivíduo, ao que arrisca a sua vida de miséria para os abastados poderem deleitar-se à mesa com o belo do robalo fresco. Não se cuidam das nossas gentes do mar, das nossas gentes da lavoura, dos campos e do interior. Agora só interessa é apostar nas novas tecnologias, na inovação, nos jovens, nas cidades. É aí que está o futuro. E então e os outros. São cidadãos de 2ª. Deitam-se borda fora?
E depois de tudo isto, ainda vem o bacoco do ministro da Agricultura e Pescas à televisão deixar a ideia que os pescadores poderiam estar a pescar ilegalmente junto à costa e que poderiam ter sido as suas redes lançadas em zona de baixa profundidade a provocar o naufrágio.
Demitam-me este homem já.
A culpa não é da Marinha nem dos pescadores. É desta corja enfatiada que nos dirige.
Barmerda com eles todos.
Aos bravos homens do mar, às sua mulheres e famílias que por eles esperam no areal da praia, a quem nós devemos muito da nossa história e proezas passadas, que nos fizeram grandes e nos trouxeram o Mundo, deixo aqui a minha solidariedade.
Eu não esqueço. Espero que os senhores do poder também não.