Areia da praia
Um dia enterrei a minha mão
Quis agarrar a areia da praia
Todos os milhões de grãos
Todas as conchas e algas do areal
Enterrei o braço
Quis chegar ao fundo
Não ao fundo do mar
Somente atingir uma profundidade maior
Onde a areia não está solta
Onde a areia se cola às mãos e não desgruda
Onde cada centímetro nos fere as extremidades dos dedos
Ir fundo é mais difícil
À superfície a areia escapa-nos por entre os dedos
Está quente
Está seca
Fica pouco tempo na palma da mão
É efémera
Escavei um túnel, um poço, uma trincheira
Para atingir densidade maior
Veio uma onda
Entrou de rompante
Apagou as marcas e as pegadas na areia solta
Colmatou os poços, fechou os túneis e tapou as trincheiras
Numa maré
Num ir e voltar constante
As minhas mãos ficaram soterradas
Na areia profunda
Na areia que gruda
Agora escavo
Outra e outra vez
Até ao fundo
Até à próxima onda
3 Comments:
Este comentário foi removido pelo autor.
10:18 da tarde
poesia de verão ;)
2:09 da manhã
Obrigado Rubrica Brasil. Sempre gentil
Dona Peteleco - O Verão por aqui toca e foge. Parece que este ano anda muito fugidio. Não sei porque anda tão envergonhado. Mas lá que gostava de saber, gostava.
11:28 da tarde
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