Este é um espaço dedicado aos sonhos.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Morenas

Morena dos olhos d'água
Tira os seus olhos do mar
Vem ver que a vida ainda vale
O sorriso que eu tenho
Pra lhe dar
Descansa em meu pobre peito Que jamais enfrenta o mar
Mas que tem abraço estreito, morena Com jeito de te agradar
Vem ouvir lindas histórias Que por seu amor sonhei
Vem saber quantas vitórias, morena Por mares que só eu sei
O seu homem foi-se embora Prometendo voltar já
Mas as ondas não têm hora, morena De partir ou voltar
Passa a vela e vai-se embora Passa o tempo e vai também
Mas meu canto ainda te implora, morena Agora, morena, vem

Morena dos olhos d'água, Chico Buarque

A todas as morenas que por cá passam e que por cá ficaram.

Ervilhas a bordo

Assim também é demais.
Hoje saltou cá para fora mais uma ervilha.
As asinhas dos anjos são fortes, embalam, fazem sombra e protegem do Papão. Mas a este ritmo não vou ter asas a medir.
Já estou a ficar mais tio do que esperava.
São umas atrás das outras. Mais uma ficha, mais uma voltinha, mais uma ervilha no berço.
Quais problemas de Natalidade, quais quê. Esta geração está-se a revelar é demasiado reprodutiva. Acho que o instinto maternopaternal virou contagioso.
Vírus bom esse.
Esta malta não tem é um blog que os entretenha mais e então em vez postar fazem essa coisa do AMOR.

É uma ela. Deve ser morenita como o pai, de caracóis pretos e bonita como a mãe.

Minha rica Fonte da Telha

Notícia escondida no DN de hoje traz-te à baila e mostra as tuas vergonhas em público.

Não tens marinas. Não tens apoios de praia design. Não tens passadiços em madeira nem estacionamentos com sombra. Não tens ricos nem ricaços. Tens povo e pobres aos magotes, entulho e mto barulho.
Agora sem o Tarzan Taborda como guardião e vigia aos atentados à natureza estás à deriva, esquecida pelos planos de ordenamento que só têm olhos para as praias da realeza.
A plebe que sobe e desce a rampa para ir a banhos tem que apanhar nas trombas com aqueles montes de entulho que se estendem pela arriba acima.
Há 29 anos que nada se faz para requalificar aquela que poderia ser uma das melhores praias da Costa Azul e que é a minha praia de meninice.

"Never underestimate the power of the perfect kiss. Get it right, and the rest will fall into place."

Um terço dos portugueses diz que HIV se transmite pelo beijo

Esta imensa minoria deve ter origem no seio das tias louras, tios e respectivos sobrinhos de franja deslambida da linha de Cascais que por precaução dão um só beijo e sem lábios húmidos, apenas face com face.
Devem também fazer parte deste grupo todos os toxicodependentes que partilham seringas por essas vielas púbicas e estabelecimentos prisionais e as deixam espalhadas por essas calçadas.
Todos os machos e menos machos latinos que teimam em não se proteger contra o bicho ruim.
Todos os pais de adolescentes que teimam em contar a velha história da cegonha e do pai Natal aos seus bebés de treze, quinze anos.

Os anjos são temerários e arriscam.
Beijam sempre que podem, ou melhor, quando lhes é permito por face alheia.
Apenas são, isso sim, preconceituosos quando ao género da face a tocar.
Já agora para quem quiser aprender a beijar uma mulher sem receios façam o favor de clicar.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Bloguices


09.20.06 01 specks of color
Originally uploaded by Matilde B..
Isto de blogar e postar comentários nos blogs alheios não é mais nem menos do que, em bom português cá do bairro, um acto de cusquice pura e dura pela vida alheia, entenda-se como sinal de boa vizinhança.
É estar à janela "window" a ver quem passa.
É dizer bom dia vizinho como tem passado.
É ver o carteiro a chegar e perguntar: - Tem correio para mim?
É ir pela manhã à padaria do lado comprar o pão quente acabado de chegar.
É passar na merceria do sr. Zé e pedir uma alface bem viçosa.
É dizer olá e até amanhã.
É o ir ali e já venho.

Leituras - José Agostinho Baptista

A NOITE

A noite
rodeia-nos com os seus braços longos,
com as suas ferramentas negras,
e aperta-nos,
como se fosse a grande mãe antiga,
inclinada sobre os berços à deriva.

A noite
pinta os lábios de vermelho e as unhas,
abre os decotes de algodão e seda,
calça sapatos muito altos,
quando dança sobre as nossas vidas.

A noite
acende as suas luzes, as suas violentas
luzes amarelas,
e então vemos as estrelas, os recifes, as
ruas sem árvores,
todas as portas fechadas.

A noite
deita-se mais tarde, ao lado dos que não têm
nada,
nem amantes, nem amadas,
perseguidos por uma secreta ansiedade,
por uma dúvida:

que é esta meretriz,
de quem é este corpo de mistério com os seus
anéis que brilham?
E a noite beija-os com o veneno doce da sua
boca,
morde com os dentes brancos a carne que os
conduziu para o sono.
A noite não responde.

Há quem a sinta mais cedo,
quem a procure quando o sol começa a cair no
horizonte,
porque quer os seus seios altos,
o seu regaço de rosas ternas onde esquecer a
dor,
as atribuladas noções do tempo,
onde ler, nos espelhos turvos da
madrugada,
o destino dos órfãos e dos malditos.

A noite
atira os seus despojos aos litorais do mundo,
remos, crucifixos,
cadáveres azuis de barcos naufragados,
de suicidas ternos,
de paixões assassinadas por Setembro.

A noite
canta nos íngremes becos da cidade,
e a sua voz rouca bate nas nossas fontes,
nos búzios que trazemos por dentro.

in "Esta voz é quase o vento" José Agostinho Baptista

terça-feira, setembro 26, 2006

Amores - Arquitectura vive e renasce em Sevilha

Será que algum dia veremos o Carmona numa foto como esta?
Quando é que Lisboa ganha cidade?
Nunca mais :(. é Sábado.

Vasquez Consuegra, Jean Nouvel, Alcaide de Sevilha, Norman Foster, ??O homem dos €€€, Arata Isozaki

domingo, setembro 24, 2006

Meia Maratona de Portugal


É ainda com o corpo celeste dolorido pelos 21km percorridos hoje rumo a Oriente que aqui venho dar-vos um relato da corrida do povo.
O Anjo deslizou hoje sobre as água do nosso Mar da Palha rumo a Oriente batendo mais uma vez o seu record pessoal e intransmissível.

Tuga que se preze está presente em tudo o que é ajuntamento com mais de mil câmaras de TV e sacos de brindes "grátes". Até no desporto o Tuga é consumista. Se puder, leva bonés EDP e sacos RTP para toda a família, mesmo para a sogra que odeia, não hesita, atesta.

Fui dos primeiros a chegar ao local de partida do transporte dos atletas até à linha de meta. Mais uma vez este tuga, versão celeste da margem sul, levanta-se bem cedinho para chegar com antecedência e ainda pela fresquinha, como manda a tradição e os ensinamentos familiares.
Deparo-me logo com uma cena hilariante não fossem 8h da manhã e eu ainda estivesse meio a despertar do sono dos anjos. Uma camineta det transporte dos ditos bonés EDP e outros brindes sumptuosos, estava a ser descarregada e o material distribuído pelos seus colaboradores, quando foi completamente "assaltada" pelo pessoal que por ali passava e fazia do dito camião um espaço self-service do Zé do boné. Do melhor.
Entrei no autocarro e rumei à ponte.

Chegados ao local de partida somos presenteados com um barulho ensurdecedor de boas vindas proveniente de um equipamento de som de "baixa fidelidade".
Um animador de rádio pirata frustrado, que deve agora fazer furor em muitas pistas de carinhos de choque e feiras por esse Portugal fora, fazia-se ouvir e acordava as hostes remelosas.
Grandes clássicos dos anos oitenta e música brasileira do tipo "Netinho" desanimavam.
O "desanimador" não se cansava de avisar os mais distraídos que mesmo em frente ao seu nariz existiam casas de banho para todo o tipo de necessidades e que as devíamos experimentar sobretudo o jaccuzzi de última geração que as equipava. Claro está que como bom tuga preferi o urinol exterior, ao ar livre, da mais antiga geração. Também é verdade que não é todos os dias que se mija com vista para o mar da palha e havia que aproveitar a oportunidade.
Dentro do espírito faça você mesmo houve também quem preferisse as garafinhas de água como mictórios portáteis.

Os Atletas são os de sempre.
Aquela faixa etária dos 50 a0s 60, franzinos que simplesmente arrancam e passam por nós, deixando-nos a pastar e a pensar para que servem afinal as asas de um anjo.
Muitos bigodes, muito tenne novo a estrear, muita colectividades de bairro e seus equipamentos fluorescentes com calções cavados a deixar adivinhar a marca de um Verão recente, blusa de alsas, em tons de amarelo canário, roxo, lilás, laranja e verde alface.
Do mais fashion que possa existir.

Mulheres nem vê-las, pelo menos se o eram não pareciam.

Maluquinhos também os havia por lá. Imaginem só estes personagens.
Um tipo baixote, com aspecto de trolha das obras pelas marcas de sol nos braços, cabelo meio pintado de louro com madeixas ou lá o que isso é, vestido com calção cavado e blusa alsas em tons de verde alface, com uns phones nos ouvidos a bombar (é o termo), aos pulos debaixo de uma das colunas de som que emitia os grunhidos e as escolhas pessoais do DJ chunga de serviço.
Um tipo enorme com um bigode preto retinto, tshirt justa ao tronco, de tanga de natação, luvas de boxe e protecção para a cabeça almofadada a fazer exercícios de aquecimento em marcha atrás.
Corri ao lado de anões e de um homem que usava, pasmem-se, sandálias.
Passei por um angolano que corria com a bandeira do seu país. Não a levava desfraldada ao vento mas empunhava o pau da bandeira como quem transportava uma tocha olímpica. Um verdadeiro orgulho para a nação africana ou será que apenas corria porque estava atrasado para o grande, mega concerto do Danny L. "Força Angola" no Coliseu de Lisboa. Fica a dúvida.

Os vencedores.
Os pretos são sempre os primeiros a chegar à meta mas mesmo assim, como verdadeiros tugas sonhadores, ainda existem uns quantos no pelotão de elite que vivem na ilusão de um dia pisar os calos dos quenianos, etiopes, marroquinos e afins africanos.

Resta dizer que lá consegui terminar mais uma vez com um magnífico record pessoal em 1h42min e que mereceu por parte da organização do evento um saboroso prémio de participação: um fabuloso Cornetto Olá fresquinho sabor a chocolate.

E é assim com a boca doce e o corpo cansado que o anjo vai repousar e sonhar.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Portugal real

Vou-vos contar uma estória triste que retrata um pouco deste nosso querido Portugal que tantas vezes não nos merece.
É real e passou-se bem perto de mim.
Era uma vez um petiz com dois anitos de idade, reguila, cheio de vida que acordou um certo dia com um inchaço na pálpebra de um dos seus olhitos.
Os papás naturalmente preocupados com o filhote questionavam-se o que será, o que não será? Troçolho? Alergia? Inflamação da vista?
Visita ao médico pediatra que o encaminhou ao Hospital Dona Estefânia.
Suspeita de algo mais complicado. Toca de fazer um TAC, mas pasme-se, sem contraste pois não havia um médico anestesista de serviço que o pudesse administrar.
Então bombardeia-se uma ervilha de dois anos com radiação pesada num exame que se sabia à partida não ser totalmente conclusivo. E porque que é que não fizeram um exame mais conclusivo como a ressonância magnética? Porque, inacreditavelmente o Hospital Pediátrico Dona Estefânia, referência em Portugal, não terá o equipamento necessário para este tipo de exames.
Recomenda-se então a criança seja avaliada por um especialista em otorrinolaringologia pois dada uma otite recente poderia residir aí a causa do problema.
Feitos outros exames, toca a assustar os pais com o diagnóstico de que se tratava de um tumor, e que já se encontrava espalhado pelo corpo todo.
Desespero, claro. Agora recambia-se a família com o bebé para o IPO para fazer uma biópsia e avaliar com mais certezas o possível tumor.
Lá chegados, mais um vez esbarram com o nosso magnífico serviço nacional de saúde em toda a sua pujança:
"- Ah! Hoje não pode ser feita a biópsia porque já não há pessoal disponível. Vão ter que esperar até segunda feira" (15:30 de uma sexta-feira, está-se mesmo a ver não é?).
Por sorte o pai conhece alguém que se mexe mto bem nos meandros da saúde em Portugal e que de imediato contactou o Director daquele serviço do IPO.
Claro que passado uma hora estavam a preparar a criança para a biópsia.
Afinal agora já não parece ser tão grave como se suspeitava estando ainda em processo de avaliação e despistagem.
Um nó na garganta e um murro no estômago foi o que senti ao saber desta estória.
A imprudência com que se fazem diagnósticos precipitados, a falta de equipamentos básicos nos principais hospitais, a ligeireza com que se fazem exames de diagnóstico sem o cuidado de à partida avaliar a sua adequação à situação e ao doente, a ausência do sentido de serviço público ao próximo, são de bradar aos céus e contrariam o discurso das grandes reformas para a saúde, pois tudo fica na mesma.

Toca porque é uma ervilha, indigna porque é o nosso país e porque sem o factor CUNHA estamos à mercê da sorte por esses corredores e enfermarias fora.
Bem sei que não é tudo assim mas existir um caso destes para relatar já é suficientemente mau.
Espero que tudo corra pelo melhor para o petiz e para a sua família.

Leituras - José Agostinho Baptista

VEM AOS MEUS SONHOS

Vem aos meus sonhos,
faz em mim a tua casa.

Planta, em frente, a cerejeira dos
pássaros brancos,
deixa que eles pousem nos ramos e cantem eternamente,
deixa que nas suas asas de luz eu leia o meu
nome,
antes de os relâmpagos acenderem os prados.

Vem aos meus sonhos,
vê os labirintos por onde me perco,
vê os meus países do mar,
vê, em cada barco que parte do meu coração,
as viagens que não fiz,
os amores que não tive,
a lua cruel da minha solidão.

Vem aos meus sonhos,
traz um fio de água para as dálias do meu
quarto vazio,
não queiras que as suas pétalas sequem muito
depressa,
caindo pelos delicados muros de cristal,
apagando a cor que dava vida aos aposentos do
solitário

Deixa que ele evoque a secreta doçura das
colmeias,
e vem,
vem aos meus sonhos,
ilumina o meu domingo de cinzas, o meu
domingo de ramos, o meu calvário,

diz que estás aqui,
nesta página que escrevo para nunca te esquecer.

in "Esta voz é quase o vento" José Agostinho Baptista

quarta-feira, setembro 20, 2006

Asas, para que vos quero?

As melhores amigas dos anjos não são as Asas, ao contrário do que possam pensar.
As melhores amigas dos Anjos são as sapatilhas.
Olharam para mim e disseram:
" - Anjinho estamos aqui, leva-nos contigo, não nos deixes sós e esquecidas aqui em cima desta caixa de cartão."
Não resisti e trouxe-as comigo.
A nossa relação ainda é fria e um pouco impessoal.
Faltam-nos km's juntos.
Moldar-nos mutuamente.
Partilhar dores, feridas e sofrimentos.
Vou arriscar.
Estou com elas à pouco tempo mas mesmo assim levo-as comigo rumo a Oriente para atravessar o mar da Palha.
Que seja o que Deus quiser, quer dizer, como tu quiseres ó Senhor Patrão.
Aqui o je celeste está à disposição.

Leituras - José Agostinho Baptista

AGORA, NÃO TE ESCREVO

Agora, não te escrevo nada.
Fecho todas as páginas deste livro onde
não voltarás.
Fecho todas as cancelas que um dia abriste,
numa estação de palavras ternas.

Agora, não te abro a porta deste quarto com
jarras sem água,
com alucinantes paredes sem luz.

Digo apenas que ainda conheço os teus passos,
o teu vulto que empalidece sob as quatro luas,
digo que ao ver os anéis de âmbar e
prata
é como se nos teus dedos sem febre tudo se
parecesse ao terror das águias aprisionadas

Não cantas,
não moves os lábios,
não me falas junto às fontes,
não te ergues como o sol que ainda bate
neste rosto inclinado, pouco a pouco mais
triste, a olhar para longe.
A alma, oh,
a alma vive na floresta branca, ao lado do anjo.

Emudeceste.
E no teu silêncio de pedra emudeceram as
paisagens do céu.
Nunca mais foi Verão.

Ainda me lembro dos cães que nunca vias
e não tinham nome,
e eram como se pensassem, como se amassem,
e, por amor perdidos,
procurassem as algas que secavam.

Assim é a minha vida.
Hoje,
só os desertos me conhecem. Nada mais.

in "Esta voz é quase vento" José Agostinho Baptista

terça-feira, setembro 19, 2006

Mínimos Cibeles

Os Anjos apresentam índices de massa corporal dignos dos Deuses do Olimpo.
Além de elevada densidade intelectual são portadores de uma invejável figura celeste.
Servem de inspiração e são modelos de virtudes.
Estão assim prontos e disponibilizam-se desde já para desfilar na Pasarela Cibeles mas na condição de o fazerem unicamente ao lado de formas bem delineadas, sublinhadas por trajes do mais fino recorte.

IMCanjo = 19,96

Índice de massa corporal

Faça aqui mesmo o exercício e deixe um pouco da sua densidade.

IMC = Peso (kg) / [Altura (m)]^2

quinta-feira, setembro 14, 2006

Correio - Aviões, Aeromoças e Anjos


Os Anjos voam alto, percorrem este céu azul e cruzam-se tantas e tantas vezes com esses verdadeiros aviões que povoam o espaço aéreo.
Numa época em que companhias de aviação ameaçam e muitas vão mesmo à falência há que tentar perceber as causas a fundo e encontrar soluções rápidas e eficazes que possam salvar postos de trabalho e investimentos de capital.
Eu e muitos outros anjos reunidos em "consílio" celeste recomendamos uma completa reestruturação a começar pelo pessoal de bordo.
A revitalização das companhias passa pela imprescindível contratação ou não, de aeromoças com experiência ou não, com elevada formação académica ou não, com ambição ou não, com desejo de sucesso ou não e fundamentalmente com elevados índices físicos que lhes permitam dar resposta competente aos diferentes desafios e exigências da missão de bem servir no céu.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Blogs Alheios

No blog bomba inteligente os Anjos fazem psicanálise e confrontam-se com as suas ansiedades.
Vêem escritas as palavras que povoam os seus pensamentos.
Não resistem, querem testar-se e postam.

O mais que puderes


E se não conseguires fazer da tua vida o que queres,
então pelo menos tenta,
o mais que puderes; não a menosprezes
no contacto abundante com o mundo,
nas muitas acções e palavras.

Não a menosprezes no vaivém
frequente, expondo-a
à estupidez diária
de relações e amizades
até que se torne um fardo estranho.

Konstandinos Kavafis, 1905. Tradução de Carla Hilário Quevedo.

terça-feira, setembro 12, 2006

9/11

Nunca mais.
Em tempo algum.

Este Anjo viu.
Este Anjo mudou.
Este Anjo não esquece.
Este Anjo não se perdoa.
Este Anjo não perdoa.
Este Anjo é humano.
O Céu deste Anjo já não existe mais.
O azul escureceu, fechou-se à luz do Sol.

Em memória de todos os Anjos que naquele dia viram as sua asas sucubirem ao horror das labaredas e à fúria do Homem.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Teledependências - Sopranos

A descrição das festas de Santo Elzear - "Santo padroeiro das farturas" - nas palavras sábias de Tony:
"- Milhares de pessoas a rezar ou a comer."

Terapia no sofá por Tony Soprano:
"- Cada dia é uma dádiva. Mas porque é que a dádiva tem que ser um par de peúgas?"

domingo, setembro 10, 2006

Vão-se os pulsos ficam os relógios

Os anjos gostam do tempo certo.
Gostam de horas certas, de chegar a horas, de contra relógios e horas vagas.
Os anjos tb se colam a redomas de vidro, bafejam-nas, respiram fundo e babam-se.
Hoje descobri algo divino só ao alcance dos sonhos.
Vale a pena parar e venerar o Deus Tempo por uns momentos numa qualquer "boutique" perto de si.
Omega Seamaster Planet Ocean.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Leituras - Cada Sapato conta uma História

"NÓS USAMOS O CORAÇÃO NAS SOLAS.
"Os Sapatos são os melhores indicadores de como as pessoas se sentem", diz June swann, historiadora de sapatos sediada em Northampton (Inglaterra). June defende que a ascensão e queda da prosperidade pode ser medida pela altura de um salto; que o horror distante da guerra pode ser sentido na configuração de um dedo do pé; que a evolução social também se trava na espessura de uma sola.
Cada sapato conta uma história. Os sapatos falam-nos sobre o estatuto da pessoa, o seu sexo (em geral), etnia, religião ou profissão.
Por último - mas não menos importante - podem ser lindos de morrer."

"(...) o comentário de Madonna, segundo a qual os sapatos de Blahnik são tão bons como sexo e duram mais tempo.(...)"

"(...) de certa forma, os chapins e os saltos altos representam a loucura da evolução tecnológica dos sapatos. "É como se tivéssemos inventado uma coisa prática - por exemplo, o papel higiénico - e depois embutíssemos nele pedaços de vidro para o embelezar" (...)"

"(...) "O calçado é muito semelhante ao princípio válido no circo. Podemos aprender a caminhar sobre tudo, desde que nos concentremos na tarefa". (...)"

"(...) Reaza a lenda que os membros masculinos do Clube Swann, de Olga Berluti, utilizam tecido veneziano embebido em Don Pérignon para polir os sapatos, expondo-os apenas à lua cheia. É um mito!
Os quartos crescente e minguante é que importam, contrapõe Berluti: " A Lua dá transparência à pele. O Sol queima; a Lua puxa o lustre."(...)"

"(...) Os sapatos revelam o que as pessoas não precisam de fazer"(...)"

"(...) Os sapatos são armaduras, protegem-nos da superfície pedregosa da Lua, da escaldante areia do deserto, da imundice urbana do asfalto da cidade. Os sapatos também revelam a nossa vulnerabilidade - não só a fraqueza da vaidade, mas também a natureza das nossas almas, que facilmente se deixam magoar.(...)"

Texto de Cathy Neman
Fotografias de Mitchell Feinberg

in National Geographic


Algumas "sapatarias & sapateiros" perto de si mas longe do seu bolso.

Olga Berluti - Gaijos


Natacha Marro - Malucas


Manolo Blahnik - Gaijas

Os meus ricos pés são mais humildes, calçam algo mais à medida do meu bolso e menos à dimensão dos sonhos.


terça-feira, setembro 05, 2006

Quizz

O que é que Tony Soprano e Major Valentão, ambos personagens deste filme que é a nossa vida, têm em comum?
São ambos mediterrânicos e uns eternos românticos.

Futetugolês

Uma novela mexicana com os piores actores possíveis e com um final escolha múltipla tipo TV Globo ao dispor do pobão.
Soube-se hoje que o major Valentão vai à enguia Aveirense com o presidente Madagil.
Soube-se hoje que o major Valentão é um romântico.
Major Valentão mostrou hoje ser um sentimental e puxando dos seus galões, já um pouco empoeirados, de militar na prateleira, e da sua mais erudita e enternecida prosápia declarou-se a Fátima Campos Ferreira perante milhões :
"- Quando mais me bates mais eu gosto de ti."
É bonito ver que o homem é um ser sensível.
Fez-se amor em televisão.
Viva o amor.

Teledependências - Sopranos

AJ Soprano na conquista nocturna houve esta frase encorajadora para o mais tímido dos garanhões italo/americanos da boquinha de uma babe teen loura:
"- O ecstasy põe-me os pés frios!"
Deixa que o já quase "adulto e maduro"AJ aproveita para a estocada final na bezerra:
"- Ahhhh! Mas eu uso umas peúgas especiais."
O que dizer.
É o exemplo ficcional do típico homem mediterrânico, para o qual o peugo é um acessório não somente utilitário mas sobretudo de prazer.
Então se tiver a chacela raquete todo o momento se eleva a um acto de extremo apuro e requinte estético.

Já seu pai e mentor Tony adopta a técnica clássica do faz-te difícil que é vê-las cair que nem tordos.
Foi só uma questão de números para arrebatar uma tal de Julianna Skiff, agente imobiliária.
Com uma caneta mais rápida que o próprio traço foi vê-lo a assinar com firmeza e destreza o contrato.
Cada rubrica era como que um rasgão no vestido justo de Julianna.
Intenso e poderoso momento.
Apesar de tudo, Tony não quis facturar pois a quida rebentou-lhe com os botões da camisa e sabe-se como são os homens para coser botões. Big mistake Juli.


Receita Sopranos para conquistar mulheres: peúgo quentinho e confortável e assinatura fácil e rápida de preferência num cheque ao portador.